Na era digital, as fronteiras da comunicação foram amplificadas, possibilitando assim uma gama de oportunidades e benefícios. Para as pessoas com deficiência e suas famílias, a revolução tecnológica também trouxe avanços significativos, fortalecendo laços familiares e proporcionando novas formas de inclusão e participação ativa na sociedade. Diante disso, e alicerçada no intuito de expandir essas melhorias, as famílias se conectaram à comunicação digital, unindo forças para levar conhecimento e na busca pela consolidação de direitos e garantias de seus filhos, familiares e amigos com deficiência, promovendo, consequentemente, uma vida mais plena e enriquecedora.
“Família e a era da comunicação digital: como essa ferramenta pode auxiliar na vida das pessoas com deficiência” é um dos oito assuntos que serão discutidos na Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla de 2023, que terá como tema “Conectar e somar para construir inclusão”. Promovida pela Federação Nacional das Apaes (Fenapaes) desde 1963, entre os dias 21 e 28 de agosto, a campanha foi introduzida no calendário nacional pela Lei nº 13.585/2017.
A comunicação digital vem provando ser um elo fundamental entre as pessoas com deficiência e seus entes queridos. Novas mídias digitais, aplicativos de mensagens instantâneas e videochamadas, por exemplo, são meios que permitem às famílias estarem presentes independentemente de onde estão, fortalecendo e expandindo vínculos. Além disso, propiciam informações valiosas no que diz respeito a direitos muitas vezes desconhecidos por elas. Os coordenadores da Família da Apae Brasil, Rodolpho Luiz Dalla Bernardina e Joseane Toebe, afirmam que houve um grande avanço na caminhada da família na utilização das plataformas digitais, principalmente em relação à compreensão desses direitos.
“Durante nossas reuniões virtuais quinzenais e mensais da Coordenação da Família, onde discutimos pautas referentes ao protagonismo da família no movimento apaeano, as suas dificuldades e os seus desafios, percebemos que houve um avanço na utilização dos meios digitais pelas famílias desde a pandemia de Covid-19, muito em função das aulas remotas e de atividades que chegavam por essas tecnologias. Hoje, nós vemos que esse acesso às plataformas digitais ampliou e melhorou bastante a facilidade das famílias e das pessoas com deficiência no acesso aos seus direitos, como nas áreas de educação e saúde”, ressalta Joseane.
Além de ser utilizada no propósito de possibilitar acesso a informações e estudo, a comunicação digital expande o relacionamento entre as famílias. Afinal, mesmo antes das tecnologias, rodas de conversa foi algo que a Apae Brasil sempre promoveu e incentivou para realizar trocas de experiências. E esse compartilhamento de informações é crucial para criar uma sensação de pertencimento e comunidade. Por isso, nesta era da comunicação digital, ficou mais fácil a criação de redes de apoio mais amplas e diversificadas.
“A comunicação entre as famílias permite a elas se conectarem com outras que enfrentam desafios semelhantes, trocando experiências, dicas e orientações. Buscar esse apoio emocional é importante para reduzir o isolamento que muitas vezes acompanha os desafios. Com os meios digitais, essa troca se tornou muito mais fácil, sobretudo para aquelas famílias que às vezes não se sentiam confortáveis em compartilhar durante as rodas de conversa”, afirma Rodolpho.
Entretanto, os coordenadores enfatizam que, mesmo com os benefícios que as tecnologias ofertam, ainda há cuidados a serem tomados e todos devem estar atentos a esses perigos.
“Os riscos também são questões que realmente temos pautado em nossas reuniões. A gente percebe que há menos dependência das pessoas com deficiência do que das pessoas típicas, que dominam as suas vontades e as fazem valer. Mas ainda nos preocupamos muito com o número de horas que muitas vezes as famílias deixam seus filhos conectados, pois acreditamos que essa adesão de horas é nociva”, aponta Joseane.
Rodolpho corrobora com a colega e complementa que, ainda mais nesse momento em que existe um bombardeio tanto de informações verídicas quanto falsas, deve-se ter mais cuidado ainda como se utiliza e o que se acessa. “Estamos em um momento em que há muita coisa circulando pela internet. Todo mundo tem que estar atento para não acabar se desinformando em vez do propósito real, que é se informar. E as pessoas com deficiência, infelizmente, são mais suscetíveis a caírem nessa desinformação. Por isso, é preciso apoiá-las e orientá-las devidamente para que isso não ocorra.”
Os coordenadores nacionais frisam que, nessa caminhada em direção a uma sociedade mais inclusiva, conectada e informada, a Apae Brasil trabalha para que a família e a era digital sigam unidas para abrir novas possibilidades a todas as pessoas.
“Hoje, em um contexto geral, vemos as conexões digitais mais positivas do que negativas. Entendemos que essas tecnologias ajudam na proximidade da comunicação entre as famílias, no acesso à informação, e tem trazido entre outros benefícios. Mas esse é só o começo, porque ainda temos muito chão pela frente”, concluem.
Apae Botucatu
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